sábado, 23 de abril de 2011

Tratamento da lombalgia com acupuntura








            Dor crônica nas costas é uma das razões mais comuns para que as pessoas procurem atendimento médico. Foi estimado que 80% da população mundial vão sofrer de dores nas costas em algum momento de suas vidas. Embora a maioria das ocorrências de dor nas costas durem menos de 2 semanas, a pesquisa mostrou que as taxas de recorrência de lombalgia pode atingir até 50% nos primeiros 6 meses após o primeiro episódio.







Acupuntura no tratamento da lombalgia

            O uso da acupuntura na lombalgia aumentou de forma acentuada nas últimas décadas, baseada em grande parte em estudos controlados com placebo, que validou como um método eficaz para alívio da dor nas costas. Os resultados de um estudo recente mostrou que a acupuntura pode trazer resultados positivos por períodos superiores há seis meses ou mais sem produzir os efeitos colaterais causados pelo uso de medicamentos.

Lombalgia segundo a Medicina Tradicional Chinesa

           Segundo Silva et al (2005), a teoria tradicional chinesa não tem equivalente direto na ciência ocidental.
            Seu conceito básico refere-se ao Qi, que é a energia vital presente em todo o corpo, equilíbrio e harmonia ou desequilíbrio e doença.
            De acordo com Yamamura (2004), a região lombar, assim como toda a coluna vertebral, dependente do shen qi (rins), e quando existe uma deficiência de qi, surge a condição básica para que haja as alterações energéticas, funcionais e orgânicas na região, mormente quando a deficiência de shen qi (rins).
            Segundo Maciocia ( 1996 ), entende-se por dor na parte inferior das costas a dor que se localiza em qualquer região das costas inclusive as nádegas, abaixo da borda inferior da última costela, que está aproximadamente nivelada com o ponto b-21 (weishu).
            Segundo Chonghuo e Yamamura (1993), a lombalgia é uma manifestação freqüente e está vinculada com a energia dos rins que se situam nesta região.
            A lombalgia também pode ser observada nas lesões de tecidos moles, nos reumatismos, nas afecções da coluna vertebral e dos órgãos internos.
Segundo Auteroche (1992), os rins são a raiz da energia inata, conservam a essência hereditária, dirigem a formação da medula, controlam os líquidos orgânicos e garantem a recepção de energia (Qi).
            Os rins se abrem nas orelhas e seus órgãos somáticos são a uretra e o ânus.
            Os rins atuam no metabolismo da água, no crescimento, nas doenças referentes aos ossos, medula, cérebro, respiração, ouvido e excreções.
         Eles são a “moradia da água e do fogo”, o yin primordial pertence a água e o yang primordial pertencem ao fogo. Ambos devem estar equilibrados para garantir o perfeito funcionamento fisiológico normal. A deficiência ou a diminuição do yin ou do yang são a origem das doenças. O rim não tem síndrome de plenitude.
Os meridianos da bexiga e do rim influenciam a parte inferior das costas.
            O vaso-governador está intimamente relacionado com os rins, ele flui ao longo da coluna vertebral.

Trajetos dos meridianos que passam pela região lombar

Trajeto do canal de energia principal do shen (rins)

            De acordo com Yamamura (2004), o canal de energia principal do shen (rins) tem início na extremidade abaixo do quinto dedo do pé, seguindo para região plantar, sob o osso navicular e posteriormente ao maléolo medial e sobe a face medial da perna. Na extremidade medial da prega do joelho, segue ao longo da face posteromedial da coxa, indo para o períneo e em seguida para coluna vertebral penetrando primeiramente os Rins e depois no pangguang ( bexiga).
            Um canal de energia secundário profundo parte dos rins, indo para o fígado, atravessa o diafragma e vai até a faringe e raiz da língua.
            Um canal de energia secundário parte do pulmão, ligando-se ao coração e unindo-se ao xin bao luo ( envoltório energético do coração, no meio do tórax.


Figura 3. Trajeto do meridiano do rim
                                                                        Fonte: Atlas gráfico de acupuntura (LIAN, Yu-Lin etal, 2007)                                             


Trajeto do canal de energia principal da bexiga ( pangguang)

            De acordo com Lian et al (2007) o canal de energia principal da bexiga origina-se no canto interno do olho, sobe a testa e une-se ao vaso governador até o ponto du -20 (baihui), onde emite um ramo que vai para o cérebro e um outro para a orelha, comunicando-se com o canal de energia da vesícula biliar. Do ponto du-20 (baihui), segue para a nuca, onde se ramifica em um ramo que vai até o processo espinhoso de da sétima vértebra cervical e depois desce ao longo do dorso, lateralmente, a tsun e meio da linha mediana, até a região lombar onde emite um ramo que vai para o rin e depois para a bexiga.
            Um outro ramo desce verticalmente pelo dorso, a três tsun da linha mediana, pela nádega e coxa, até o ponto central da fossa poplítea, onde recebe o outro ramo deste canal de energia. A partir desse ponto segue pela face posterior da perna e pela margem lateral do pé terminando no ângulo ungueal lateral do quinto dedo do pé.



 Figura 4. Trajeto do meridiano da bexiga
Fonte: Atlas gráfico de acupuntura (LIAN, Yu-Lin etal, 2007)

Trajeto do canal de energia vaso governador (du mai)

            De acordo com Lian et al (2007) o trajeto superficial do vaso governador tem origem na região do útero e abaixo do abdômen. Ma região do períneo, tem lugar uma mistura com o Qi dos meridianos do rim e da bexiga. Na parte interna da coluna, uma ramificação leva ao rim, subindo ao longo da parte interna da coluna vertebral até o ápex craniano, onde entra no cérebro.
            Uma segunda ramificação sobe do abdômen até o umbigo e coração. Sobe ainda mais através da região da laringe e faringe, onde entra em contato com o Chong Mai e o Ren Mai, até o maxilar inferior e ao bordo inferior da órbita. Uma outra ramificação sobe do canto interno do olho até o crânio.
            O trajeto superficial parte da região do períneo (ponto du- 1) no cóccix e sacro e de toda a coluna vertebral, até a região do pescoço. A partir do ponto du- 16, na parte posterior da nuca, sai uma ramificação para o cérebro. No crânio, o meridiano desce ao longo da linha média, do nariz e da depressão infranasal até o freio do lábio superior.



Figura 5. Trajeto do meridiano vaso-governador
Fonte: Atlas gráfico de acupuntura (LIAN, Yu-Lin etal, 2007)


Etiologia

        De acordo com Maciocia (1996) O excesso de trabalho físico com regularidade sobrecarrega os músculos das costas e os rins. O enfraquecimento ocorre em relação ao aspecto físico (distende os músculos da parte inferior das costas) e o aspecto energético enfraquecendo o Qi do rim.
O excesso de atividade sexual esgota o Qi do rim que falha para nutrir e fortalecer os músculos das costas acarretando em quadros crônicos de dor lombar.
A gravidez e o parto enfraquecem as costas em relação ao aspecto físico e energético. Ele também afirma que é importante frisar que esse fator não constituí uma causa de doença, a não ser em casos de mulheres de constituição fraca, ou naquelas que não resguardam o suficiente após o parto ou nas multíparas de partos sucessivos.
            A invasão externa de frio e umidade é uma causa comum de dor nas costas. A região das costas, que se constituí na residência do Qi original e no fogo da porta da vida, deve ser aquecida e protegida. A exposição ao frio e à umidade gera com facilidade a invasão de fatores patogênicos nos músculos, tendões e meridianos das costas.
            A invasão de frio e umidade nos músculos das costas pode causar quadros crônicos e agudos de dor. A retenção prolongada de frio e umidade na região inferior das costas por outro lado, irá prejudicar e enfraquecer os rins, gerando um quadro complicado de plenitude ( de frio e umidade) e vazio dos rins e dor lombar crônica
            O excesso de trabalho realizado por muitos anos sem o devido repouso esgota o yin do rim, que falha ao nutrir as costas gerando dor crônica.
A falta de exercício físico gera enfraquecimento dos ligamentos e articulações da coluna vertebral predispondo o indivíduo a problemas de disco intervertebral, especialmente quando associado a uma postura inadequada. Deve-se evitar carregar objetos pesados e praticar exercício físico em excesso. A prática moderada de exercícios moderados e regulares fortalece as costas e mantém a nutrição dos músculos e dos ligamentos.

 
Patologia

            Segundo Maciocia (1996) as três condições patológicas mais comuns na dor lombar são: retenção de frio e umidade, estagnação de Qi e sangue devido ao esforço excessivo e a deficiência do rim.

Retenção de frio e umidade

            O frio e a umidade podem causar quadros agudos e crônicos de dore nas costas. A dor piora pela manhã e com o frio e melhora com a atividade física moderada e aplicação de calor. Quando há predominância de frio pode ocorrer rigidez e contração dos músculos das costas. A dor e mais severa e agravada com o repouso melhorando mediante o movimento. Se houver predominância de humidade, pode ocorrer inchaço, formigamento e sensação de peso.

Estagnação de Qi e sangue

            É caracterizada por dor severa, do tipo facada, que piora com repouso e melhora com exercícios moderados. A região é sensível ao toque e não responde as alterações de clima e piora nas posições em pé e sentada. Há tensão e rigidez nos músculos das costas e dificuldade para movimentação. Nos casos agudos a estagnação de Qi e sangue é causada por trauma. Nos casos crônicos traumas repetitivos causam recidiva da dor, especialmente se houver deficiência de rim.

Deficiência de Rim

            È causa de dor crônicas nas costas do tipo surda que surge em crises que melhora com o repouso e piora mediante atividade física e é agravada pela atividade sexual. Se for causada pela deficiEñcia de yang do rim, pode ocorrer sensação de frio nas região lombar que pode melhorar mediante aplicação de calor local.
            Uma deficiência de rim facilita invasão de vento fio e umidade e traumas repetitivos. É conseiderada uma ciondição sempre presente em qualquer tipo de dor nas costas.
            A deficiência de rim é muito comum na meia idade e nos idosos, sendo que nos indivíduos jovens podem sofrer desse mal proveniente de uma deficiência hereditária do rim.


Referência bibliográfica:

- CHONGHUO, Tian; YAMAMURA, Ysão. Tratado de medicina chinesa. São Paulo. Roca, 1993.

- SILVA, Gilberto Antônio. Tudo que você queria saber sobre acupuntura. São Paulo. 2007. Disponível em. http://www.longevidade.net. Acesso em 15 dez. 2009.
- LIAN, Yu-Lin etal. Atlas gráfico de acupuntura: um manual ilustrado dos pontos de acupuntura: H.f.Ullmann,2007.
-  MACIOCIA, G. A prática da medicina chinesa, São Paulo: Roca, 1996.
- YAMAMURA, Ysão. Acupuntura tradicional: A arte de inserir. 2ed. São Paulo: Roca, 2004.

Um comentário:

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